sábado, 28 de agosto de 2010

Homenagem a Florestan Fernandes

MARCAS DA ETERNIDADE



O tempo se fez sabedoria
E despertou a aurora
No olhar das frontes já cansadas
Que procuravam vida.
A voz rouca mobilizou as bocas
Que se aconselharam
E todas proclamam a mensagem
De que é preciso lutar sempre.


Com a fertilidade das idéias
Mais vivos agora estão os campos
E os camponeses já distinguem
O antes e o depois
Na trilha da emancipação.
Já não querem o pouco pisoteado
Querem o muito:
O Sol, o horizonte, a montanha,
A planície, a casa, o verso, a canção...


Revestem-se as ideias com todos os sotaques
E rompem o esquecimento das aldeias
Qualificam sonhos cobertos pelas finas lonas
Entrando pelos olhos se espalham pelas veias.

A academia deixou o sítio de Academus
E se espalhou para os recantos resgatados
Pela afetividade desregulou o tempo
Sintetizando em Ti, o futuro e o passado.

Cavalgam livros nas mãos dos camponeses
Vistos por vistas ainda marejadas
Letras visitam os calos ainda dormentes
Onde por épocas passearam só as enxadas.

Na terra boa onde cantamos hinos
E os pés descalços varrem os terreiros
Os próprios gritos dobram pelos sinos
Enchendo os corpos, a essência e os celeiros.

Cantam os pássaros com finos assobios
E as sementes reservam a potência
Florestas, flores, Florestan: presente!!
A eternidade já se tornou consciência.


Ademar Bogo
Pelos 15 anos da passagem
de Florestan Fernandes

terça-feira, 17 de agosto de 2010

passaros

Hoje li a frase preferida de alguem, que era "melhor um passaro na mão que dois voando".

Lugar de pássaro é onde? Na mão de alguem?

Lugar de pássaro é no céu voando. Na árvore. No fio de luz.
Não na mão.

Melhor todos os pássaros, felizes, voando. Nenhum pássaro na mão.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Um tempo raro

é, todos os tempos são raros, pois não há repetição e cada dia é outro dia, e se tiver uma noite no meio é mais estranho ainda...

nesses dias, estamos dedicadas a tesina, a reorganização do futuro, e as vezes bate um cansaço. Respondendo quase nada de mails, sem olhar facebook, enfim.

e hoje, acho que bateu uma tristezinha. Claro, ninguém tem nada que ver com nada disso. Só tô falando.

já vou chamar o Chico - o Buarque - pra cantar, e tudo vai caminhandodeslizando pra algum lugar que a gente não sabe, não imagina, não conhece.

venga, ao trabalho, que é nossa única certeza.

Congresso absolve MST

Correio Braziliense, julho de 2010


OPINIÃO


Congresso absolve MST

Frei Betto

O MST jamais desviou dinheiro público para realizar ocupações de terra — eis a conclusão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito(CPMI), integrada por deputados federais e senadores, instaurada para apurar se havia fundamento nas acusações, orquestradas pelos senhores do latifúndio, de que os movimentos comprometidos com a reforma agrária se apoderaram de recursos oficiais.

Em oito meses, foram convocadas 13 audiências públicas. As contas de dezenas de cooperativas de agricultores e associações de apoio à reforma agrária foram exaustivamente vasculhadas. Nada foi apurado. Segundo o relator, o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP), “foi uma CPMI desnecessária”.

Não tão desnecessária assim, pois provou, oficialmente, que as denúncias da bancada ruralista no Congresso são infundadas. E constatou-se que entidades e movimentos voltados à reforma fundiária desenvolvem sério trabalho de aperfeiçoamento da agricultura familiar e qualificação técnica dos agricultores.

O que os denunciantes buscavam era reaquecer a velha política — descartada pelo governo Lula — de criminalizar os movimentos sociais brasileiros. Esse tipo de terrorismo tupiniquim a história de nosso país conhece bem: Monteiro Lobato foi preso por propagar que havia petróleo no Brasil (o que prejudicou os interesses norte-americanos); foram chamados de comunistas os que defendiam a criação da Petrobras; e, de terroristas, os que lutavam contra a ditadura e pela redemocratização do país.

A comissão parlamentar significou, para quem insistiu em instaurá-la, um tiro saído pela culatra. Ficou claro para deputados e senadores bem intencionados que é preciso votar, o quanto antes, o projeto de lei que prevê a desapropriação de propriedades rurais que utilizam trabalho escravo em suas terras. E resolver, o quanto antes, a questão dos índices de produtividade da terra.

A investigação trouxe à luz não a suposta bandidagem do MST e congêneres, como acusavam os senhores do latifúndio, e sim a importância desses movimentos no atendimento à população sem terra. Eles cuidam da organização de acampamentos e assentamentos e, assim, evitam a migração que reforça, nas cidades, o cinturão de favelas e o contingente de famílias e pessoas desamparadas, sujeitas ao trabalho informal, ao alcoolismo, às drogas, à criminalidade.

Segundo Jilmar Tatto, os inimigos da reforma agrária “fizeram toda uma carga, um discurso muito raivoso, colocaram dúvidas em relação ao desvio de recursos públicos e perceberam que a montanha tinha parido um rato. Porque não havia desvio nenhum. As entidades e o governo abriram todas as suas contas. Foram transparentes e, em nenhum momento, conseguiu-se identificar um centavo de desvio de recurso público. Foram desmoralizados (os denunciantes), e resolveram se ausentar dos trabalhos da CPMI. (...) Foi um trabalho produtivo, no sentido de deixar claro que não houve desvio de recurso público para fazer ocupação de terras no Brasil. O que houve foi a oposição fazendo uma carga muito grande contra o governo e o MST”.

Os parlamentares sensíveis à questão social no Brasil se convenceram, graças ao trabalho da comissão, de que é preciso aumentar os recursos para a agricultura familiar; garantir que a legislação trabalhista seja aplicada na zona rural; e incentivar sempre mais os plantios alternativos e os alimentos orgânicos, sobre cuja qualidade nutricional não paira a desconfiança que pesa sobre os transgênicos. E, sobretudo, intensificar a reforma agrária no país, desapropriando, como exige a Constituição, as terras improdutivas.

Dados recentes mostram que, no Brasil, se ocupam 3 milhões de hectares com a lavoura de arroz e 4,3 milhões com feijão. Segundo o geógrafo Ricardo Alvarez, se compararmos com os 851 milhões de hectares que formam este colosso chamado Brasil veremos que as cifras são raquíticas. Apenas 0,85% do território nacional está ocupado com o cereal e a leguminosa. Um aumento de apenas 20% na área plantada significaria passar de 7,3 para 8,7 milhões de hectares, com forte impacto na alimentação do povo brasileiro.

Para Alvarez, o aumento da produção levaria à queda de preços, ruim para o produtor, bom para os consumidores. Caberia, então, ao governo implantar uma política de ampliação da produção de alimentos, garantir preços mínimos, forçar a ocupação da terra, combater o latifúndio, gerar empregos no campo e atacar a fome. Ação muito mais eficiente, graças aos 20% de acréscimo na área plantada, do que o assistencialismo alimentar.

O latifúndio ocupa, hoje, mais de 20 milhões de hectares com soja. No início dos anos 1990, o número beirava os 11,5 milhões. A cana-de-açúcar foi de 4,2 para 6,5 milhões de hectares no mesmo período. Arroz e feijão sofreram redução da área plantada. Hoje o brasileiro consome mais massas do que a tradicional combinação de arroz e feijão, de grande valor nutritivo.

Alvarez conclui: “Não faltam terras no Brasil, faltam políticas de distribuição delas. Não faltam empregos, falta vontade de enfrentar a terra improdutiva. Não falta comida, falta direcionar a produção para atender as necessidades básicas de nossa população”.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

misseis e mortes

Estive vendo umas cuantas notícias sobre ataques israelenses à Palestina. "Dispararam tantos mísseis...", "destruiram o prédio tal...", e na contagem de mortos, são um, O agente do Hamás em geral, e houveram alguns feridos.
Fico imaginando o estrago que deve ser a explosão de um míssel, imaginemos vários então.

Não é meio pouco que só matem uma pessoa? Ou a Palestina anda meio desabitada, e agora há uma pessoa por edifício? Ou os militantes do Hamás andam sempre sozinhos, e quando os mísseis os atingem, é só eles mesmos?

Che, se uma bala de fuzil já um exagero para matar uma pessoa, imaginemos um míssel, ou os disparos dos carros de combate (sim, tanque de guerra na verdade se chama carro de combate, porque os tanques são os transportadores de combustível, disse meu profe de Historia Militar).

Deixem os palestinos e palestinas viverem, por amor de Allá.